Há certos livros que assustam, por estarem demasiado próximos da realidade. E Fahrenheit 451 é, sem dúvida, um murro no estômago.
Foi um dos livros que subiu no top de vendas da Amazon após Trump ter subido ao poder. Não admira, o livro prevê um futuro distópico onde as pessoas vivem absorvidas por ecrãs e onde a força de bombeiros ateia fogos a livros. Não apenas a alguns livros, mas a todos. A ideia de Bradbury é que, numa sociedade onde não existem livros, todos são iguais. E isso traz felicidade a todos (Já dizia Offred, “Better never means better for everyone).
Já em Equilibrium (2002), realizado por Kurt Wimmer e baseado no Fahrenheit 451, temos uma força especial de “Clerics” que incendeiam todo o tipo de arte ou produtos culturais, que permitam fomentar sentimentos. Mas, enquanto que Montag (o bombeiro literário de Fahrenheit 451) começa a rebelião ao roubar alguns livros, Preston rouba um cão. Sim, um cão deveras fofinho.
O desfecho para Montag… é algo que não se está à espera. Montag começa a ler pelo prazer de ler. Se as pessoas arriscam as suas vidas para lerem, é porque deve valer a pena. No entanto, a revolução é apenas mental. O fim inesperado é contrabalançado pela escrita fluída e coloquial de Bradbury.
E Preston? Não vou spoilar. Mas consegue abanar todo o seu regime (Spoiler pouco spoilante: o Sean Bean morre). No entanto, devo confessar que fiquei surpreendida com Equilibrium, que desconhecia, mas que se mostrou uma boa abordagem a uma sociedade distópica sem raízes culturais.
Para terminar, deve-se dizer que em Equilibrium, o proibido é sentir. Já em Fahrenheit 451, o proibido é pensar. Entre um livro e um filme, irei sempre escolher o livro. Ainda mais se esse livro for tão equilibrado e quasi cinematográfico como Fahrenheit 451.
Leiam, que é para vermos como é que o Michael B. Jordan se vai safar no papel de Montag.